sexta-feira, 31 de maio de 2013

Capítulo 10 - Luck deserted me and the truth beat out my brains

Tínhamos acabado de voltar do casamento e Dave queria tirar minha roupa antes mesmo de entrarmos em meu apartamento. Eu tentava abrir a porta enquanto ele beijava meu pescoço e levantava meu vestido. Entramos, Dave chutou a porta para que fechasse e colou nossos corpos, beijou meu pescoço mais uma vez enquanto abria o zíper do vestido. Deixei-o cair sobre os meus pés e desabotoei sua camisa. Ele me jogou sentada no sofá e se ajoelhou a minha frente apertando minhas coxas com força, tirou minha calcinha e abriu minhas pernas. Apertou-as novamente e subiu beijando a parte interna da minha coxa até minha vagina e lambeu meu clitóris. Segurei seu cabelo enquanto ele me chupava. Gemi baixo e abri os olhos, olhei em volta e não tinha ninguém. Era tudo um sonho e eu estava com tesão. Droga! Cobri o rosto com o cobertor e voltei a dormir.

– Narração do Dave –

Estava na sala bebendo e conversando com Greg, Ellefson e Lee. Olhei pela janela e puxei o braço do Lee para ver as horas em seu relógio de pulso. Já era quase cinco da tarde e eu ainda nem tinha começado a me arrumar. Levantei e corri até o quarto, joguei o terno em cima da cama e fui tomar banho. A parte fácil eu tinha conseguido, pôr o terno. Tentei de várias formas, mas qualquer coisa que tenha saído com certeza não era um nó de gravata. Fui até a sala, quem sabe um deles...

– Por acaso algum de vocês sabe como fazer isso? – perguntei indicando-os a gravata. Greg levantou e veio até mim.

– Que é isso? – perguntou enquanto sacudia o paletó.

– Não faz isso, cara. Vai amassar. – disse batendo em sua mão.

– Aonde você vai? – perguntou Ellefson, rindo.

– Um casamento.

– Casamento de quem? – perguntaram em uníssono.

– Prima da Delilah. E eu estou atrasado.

– Delilah? – perguntou Ellefson.

– Sim, Delilah.

– Você transou com ela, né?

– Não. – Passei a gravata em volta do pescoço e peguei as chaves de casa e do carro, fui até a porta e abri. Esperava que eles fossem embora, mas tudo que fizeram foi olhar para mim como se eu fosse retardado.

– O que foi? – Greg perguntou e eu os indiquei a porta.

– Ah, não. Nós vamos dormir aqui hoje. – Pensei em expulsá-los, mas sabia que eles só me ignorariam.

– Fim da narração do Dave –

Eu estava impaciente, andando de um lado para o outro com o barulho do salto me irritando. Finalmente ouvi batidas à porta, olhei para o relógio e eram exatamente cinco e vinte. Abri a porta violentamente, pronta para gritar com ele, mas fiquei sem reação. Dave estava de terno e óculos escuros, com a gravata pendurada em seu pescoço e sua camisa branca com três botões abertos. Estava ainda mais bonito do que no sonho. Ótimo! Primeiro o tesão e agora isso.

– Você está atrasado, inútil.

– Culpa da gravata. Faz o nó pra mim.

– E você acha que eu sei fazer isso? Pra que esses óculos escuros?

– Por quê? Não gostou? – O empurrei para o corredor e saí, trancando a porta. – Você tá muito gostosa nesse vestido. – Ele me seguia enquanto eu descia as escadas.

– Agradeceria se você parasse de olhar para a minha bunda. – Pude ouvi-lo rir. Apertei o passo e consegui chegar ao carro antes dele. Eu batia o pé no chão incessantemente e Dave ria de mim. Depois de ele enrolar séculos para abrir o carro, finalmente entramos e seguimos para a casa da minha avó. – Eu ainda quero saber o que aconteceu aquela noite.

– Não quer saber, já cuidei de tudo mesmo. – O encarei e ergui uma sobrancelha.

– Você pegou na minha bunda. – Ele riu e me olhou.

– Disso você lembra.

– Você se aproveitou de mim.

– E você gostou.

– Não!

– Não? – Ele disse rindo. – Você lembra do que fez aqui no carro?

–Não. O que eu fiz?

– Quase morremos por sua causa, Delilah.

– O que eu fiz, Mustaine?

– Bom, primeiro você dançou semi-nua com o Mike na frente de todo mundo, depois você teve o peito chupado por ele, e teria feito outras coisas se eu não tivesse te ajudado...

– Ajudado?

– Dei um soco na cara dele. – Por que diabos ele se importou com o que eu estivesse fazendo? – Eu te salvei e te trouxe pra casa. E no caminho você botou a mão no meu pinto...

– Eu não fiz isso.

– Fez. – Ele riu. – Então eu acho que quem foi assediado aqui fui eu e não você. – Eu devia estar mais vermelha do que um tomate e não sabia onde enfiar a cara. Abaixei a cabeça e pus a mão em meu rosto. – Delilah... – Eu o olhei. – Quantos já chuparam seu peito? – Bati em sua cabeça e olhei para frente.

– Vai tomar no cu. – O resto do caminho nós fomos em silêncio. Eu não conseguia nem olhar para ele direito.

Desci do carro e andei devagar até a porta. Entramos e praticamente todos os meus primos irritantes estavam jogados no sofá. Perfeito, tudo que eu precisava. Michael levantou e veio até mim.

– Nossa, Delilah... – Ele me olhava de cima a baixo. – Como você cresceu.

– Algum problema, amor? – Disse Dave, que tinha acabado de se aproximar de mim. Respirei fundo e o encarei. Ele passou a mão em volta da minha cintura e sorriu para Michael.

– Quem é esse... – Meu avô se aproximou olhando para Dave. – rapaz, segurando minha neta preferida?

– Vovô. – O abracei com força.

– Nunca ganhei um abraço assim. – Reclamou Mustaine.

– Vocês não são namorados? – Perguntou Michael.

– História complicada. – Ele respondeu. O encarei e respirei fundo.

– Dave, esse é meu avô Joseph. Vô, esse é David, meu...

– Namorado. – Dave sorriu e estendeu a mão para cumprimentá-lo. Filho da puta.

– Sua avó está te esperando no quarto. Anda logo por que senão vão chegar atrasados.

– Até que não seria má ideia.

– Vamos, querida. Faça esse esforço pela sua avó. – Tirei Dave de perto do Michael e o levei para o quarto comigo.

– Vó?

– Delilah! Ah, vejo que trouxe seu namorado.

– Eu não perderia Delilah de vestido por nada. – Ele disse rindo.

– Mas olha só pra vocês dois. Não sabem se arrumar. – Ela disse o puxando pela camisa. – Essa camisa aberta. – Agora estava abotoando-a. – Não consegue dar um nó de gravata menino? E você, Delilah. Por que não fez isso para ele?

– Eu não sou empregada dele.

– Tem que cuidar do que é seu, filha. E esses cabelos, por que não faz um penteado bonito? Sempre com eles soltos assim. Senta na cadeira que eu e suas primas faremos alguma coisa em você. David, você vai para a sala com o resto dos meninos. – Ela o empurrava para fora do quarto.

– Você vai ficar bem? – Dave me perguntou.

– Acho que sim. – Ele sorriu para mim e deixou o quarto. Sentei na cadeira e olhei para o espelho.

– Você deveria ter passado maquiagem também, Delilah.

– Só faz esse penteado e acaba logo com isso. – Depois de mais de 10 minutos com a bunda naquela cadeira elas finalmente terminaram. Eu me levantei e saí do quarto antes que inventassem de fazer qualquer outra coisa. Mustaine se levantou e veio em minha direção.

– Bem melhor. Vira de costas para eu ver. – Ele sorria. Meu cabelo estava preso e agora dava para ver o decote nas costas. Virei de costas para ele e respirei fundo. Dave se aproximou e sussurrou ao meu ouvido. – Agora dá pra ver melhor a sua bunda. – Revirei os olhos e me afastei dele.

– Vô, diz para a vovó que nós fomos na frente, tá?

– Tá bom, querida. – Nos despedimos dele e entramos no carro.

Chegamos à igreja e ele ainda estava com aqueles óculos na cara.

– Será que você pode tirar isso?

– Pensei que você tivesse gostado.

– Eu não quero chamar atenção.

– Com essa roupa fica um pouco difícil. – Puxei os óculos do rosto dele e me sentei. – Delilah.

– Que é?

– Por que eles estão casando em uma igreja? – Revirei os olhos e joguei os óculos em seu colo.

– Eu disse que eu era ateísta, não minha família inteira. – Dave passou o braço em volta dos meus ombros e acariciou meu braço. – O que você está fazendo?

– Tentando te acalmar, você tá precisando. – Provocou.

– Vai se foder, Mustaine. – Tentei, em vão, tirar seu braço, mas ele fazia força demais e acabei desistindo. Revirei os olhos e bufei fazendo com que Dave risse da minha cara.

O casamento estava marcado para seis da tarde e já era mais de sete. Aquela vadia devia estar traindo o marido antes mesmo de casar.

– Não basta ser a noiva e ser o centro das atenções, tem que se atrasar mais de uma hora.

– Você tá irritada demais, Delilah. – Dave disse enquanto mexia em meu cabelo.

– Para com isso. – Ele me ignorou e continuou. Além da vadia da Jessie estar atrasada e Mustaine estar enchendo o saco, ainda tinha meus tios, que não paravam de olhar para mim de cara feia.

– Delilah, você não gosta da sua prima?

– Não e não pergunta o porquê. – Ele me olhou e franziu a testa.

– Por quê?

– Porque não te interessa.

Esperamos por mais uns vinte minutos e ela resolveu aparecer. Toda sorridente, entrou acompanhada do pai, outro imbecil. Acenou para mim e eu ignorei.

– Sua prima é bem legal, Delilah. – O encarei. – Sabe... legal.

– Por que não fala de uma vez que acha ela gostosa? – Ele apenas riu.

Depois da cerimônia fomos para o salão de festas. E Dave fazia questão de se apresentar, para cada pessoa que falava comigo, como sendo “meu namorado”. O arrastei até o bar e me sentei no banco ao lado do dele. Pedi wisky ao barman e Dave pôs a mão em meu ombro.

– Você não pode beber, Delilah. Não se esqueça do bebê.

– Que bebê? Tá ficando maluco? – O empurrei e saí de perto, mas ele me seguiu. Deveria ter ficado no mesmo lugar, porque a tentativa fracassada de sair de perto dele só fez com que tudo piorasse. Nós demos de cara com a minha prima.

– Oi, Delilah! – Ela abriu os braços e se aproximou de mim.

– Jessie. – Disse com desprezo.

– Você não vai me parabenizar pelo casamento?

– Não, mas diga ao seu marido que eu sinto muito.

– Não fique chateada só porque eu consegui ser a primeira... de novo.

– Oi. – Mustaine se intrometeu. – Eu sou o namorado da Delilah, Dave. Parabéns pelo casamento. – Ele a abraçou e a olhou de cima a baixo. – Se você é assim com o vestido de noiva, imagina sem. – Jessie fingiu ficar com vergonha e me olhou.

– Meu vestido fica bem em você, mas não tanto quanto ficava em mim. – Ela sorriu e se afastou. O vestido era dela? Dela? Minha avó esqueceu de mencionar esse pequeno detalhe. Se eu soubesse, nunca teria posto aquilo. Segurei Dave pelo pulso e o puxei para fora do salão.

– Aonde vamos? – Ele não parava de perguntar.

– À casa da minha avó, agora. Anda logo. – Ele abriu o carro e entrei com pressa.

– O que vamos fazer lá, Delilah? – Perguntou enquanto dirigia.

– Só vai e cala a boca. – Entrei em casa e corri para o meu antigo quarto. Alguma coisa tinha que ter. Olhei em todas as gavetas e só achei uma calça preta, que pelo que me lembrava, estava apertada. Era isso ou nada, eu não tinha escolha. Virei-me para tirar o vestido, mas Dave me olhava sem entender nada.

– Sai daqui, anda. – O empurrei para fora do quarto e fechei a porta. Tirei o vestido o mais rápido que pude, minha vontade era de rasgá-lo inteiro. Não entendo por que não o fiz.

Depois de muita luta consegui vestir a calça, estava sem poder respirar ou me mexer direito, porém não importava, eu ainda precisava de uma blusa. Demorei, mas achei uma camisa preta masculina e uma blusa vermelha e decotada. Claro que optei pela camisa, a vesti rápido e por coincidência, Dave abriu a porta e me olhava incrédulo.

– Por quê? – Ele perguntou.

– Porque o vestido era dela, Dave. – Respondi com raiva.

– De quem é essa blusa? Do seu avô? – Ele disse rindo.

– Do meu ex-namorado, na verdade. – Eu sorria para ele.

– Por que tem uma camisa do seu ex-namorado na casa da sua avó?

– Onde você acha que a gente transava? – Disse, rindo. Ele me encarava. Peguei o vestido e respirei fundo, estava pronta para sair do quarto mas Dave me impediu.

– Ei, que tal aquela ali? – Ele disse apontando para a blusa vermelha que eu havia deixado em cima da cama.

– Não. Agora vamos.

– Antes de ir, me dá um pouco d’água? – Ele sorriu e eu revirei os olhos.

– Tá bom. – Fui até a cozinha e ele me seguiu. Coloquei o copo com água em suas mãos. Dave enrolava para beber, ele queria mesmo me irritar. Ele andou em minha direção e tropeçou, derramado água em mim.

– Opa! Foi sem querer. – Ele disse rindo.

– Claro... sem querer. Filho da puta. – Tirei a camisa, me sequei e joguei-a nele. Dave me olhava surpreso. Fui ao quarto e pus a blusa vermelha. Ótimo! Eu estava parecendo uma puta e aquele maldito salto não ajudava em nada. Voltei de braços cruzados e batendo os pés com força. Dave riu ao me ver vestida daquele jeito. – Vamos. Anda logo. – Abri a porta violentamente e fiz sinal para que saísse. Ele passou por mim sorrindo e eu bufei.

Seguimos de volta para a festa, eu estava segurando o vestido com tanta força que minhas mãos chegavam a doer. Entrei no salão procurando pela Jessie. Mustaine perguntou tantas vezes  o que eu ia fazer que eu já estava vendo a hora de meter a mão na cara dele. Todos me olhavam incrédulos e meus tios estavam furiosos, mas eu não me importava. Minha avó se aproximou de mim e pôs a mão em meus cabelos, agora soltos.

– Por quê está vestida desse jeito, Delilah?

– O vestido é dela, vó.

– Minha filha, é só um vestido. Você realmente ficou com raiva por isso? – Avistei Jessie e respirei fundo. – Eu vou resolver tudo isso agora.

–Isso não vai prestar. – disse Dave. Fui na direção dela e ele veio atrás de mim. – Delilah. – ele me segurou pelo braço. – Se acalma, cara. – O encarei com raiva e me soltei.

– Vai se foder, Dave. – Andei o mais rápido que pude com aqueles saltos me atrapalhando, esfreguei o vestido no rosto dela, a empurrando. – Agora engole e vê se sai pelo cu, vadia. – Jessie jogou o vestido no chão e levantou a mão para me bater. Segurei seu pulso com força e soltei uma risada sarcástica. – Você tá pensando mesmo que vai bater em mim? – Dei um tapa em seu rosto com toda minha força e antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, Dave me segurou com força e me puxou para trás. – Me solta, Mustaine!

– Não, você precisa se acalmar.

– Me solta, caralho. Eu não vou fazer mais nada com ela. – Eu protestava em vão. Ele continuava a me segurar com força.

– Mas o que ta acontecendo aqui? Será que vocês duas não podem ficar bem nem por umas horas? Será que vocês duas não podem me dar paz? – Minha avó apareceu gritando.

– Se acalma, Margaret. – Disse meu avô a segurando pelos ombros.

– É tudo culpa da Delilah. Olha só como ela está vestida. Parece uma vadia. – Jessie parecia implorar por outro tapa.

– Eu não sou como você, Jessie. – Dave finalmente me soltou e eu me aproximei da minha avó.

– Você estragou tudo. – Ela estava mesmo decepcionada comigo.

– Não fala assim com ela, Margaret.

– Tudo bem, vô. Ela tem razão. – Meu avô passou o braço em volta de seus ombros e a levou dali. Tudo que Jessie fazia era rir, nem parecia que tinha acabado de apanhar. Dave se aproximou de mim e pôs a mão em meu ombro.

– Você está bem, Delilah? – Ele estava me acariciando.

– Melhor impossível. – Andei na direção do bar e Mustaine veio atrás de mim. Virei-me de frente para ele e respirei fundo. – Me deixa em paz, Dave. Quero ficar sozinha. – Sentei ao balcão e olhei em volta, todos ainda estavam a me encarar. Respirei fundo e olhei para frente, o barman sorria para mim. Sério mesmo, cara? Acho que agora não é hora de flertar com a garota revoltada. Ele me trouxe wisky e eu abaixei a cabeça. Estava me sentindo culpada por deixar minha avó daquele jeito. Eu queria pedir desculpas, mas não queria ter que sair para procurá-la, pelo menos não por enquanto. Fiquei um bom tempo sentada tentando me acalmar.

– Querida. – Meu avô disse ao pôr a mão em meu ombro. Sorri sem graça e respirei fundo. – Está tudo bem? – Assenti. Eu não estava muito afim de falar. – Eu sei que a Jessie não é flor-que-se-cheire, também não gosto dela. Mas você não deveria ter feito aquilo, magoou muito sua avó.

– Eu sei. Eu estraguei tudo. Ela estava feliz e eu estraguei. – Respondi quase que em sussurro.

– Por que não levanta e vai pedir desculpas a ela? – Sugeriu sorrindo. – Ela está perto do banheiro. – Levantei-me e o abracei, respirei fundo e fui procurar minha avó. Ela estava sentada em uma poltrona perto do banheiro feminino. Pus a mão em seu ombro e me abaixei.

– O que você quer, Delilah?

– Eu vim pedir desculpa.

– Pedir desculpas depois do que tá feito é fácil.

– Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto, mas a culpa não foi minha. A senhora sabe que eu a odeio e me fez vir aqui mesmo assim e ainda por cima com o vestido dela.

– Pensei que você pudesse fazer esse esforço por mim, por tudo que eu já fiz por você.

– Eu tentei, vó. Eu tentei.

– Não foi o suficiente. – A essa altura eu já estava quase chorando. Ela me olhou com desprezo e suspirou. – É melhor você ir embora, Delilah. Já que você nem queria vir. – Respirei fundo e levantei. Eu tinha mesmo que ir embora e precisava do Dave para isso. Procurei-o por todo canto, mas ele parecia ter evaporado. Cheguei a olhar no estacionamento, entretanto seu carro continuava lá. Pelo menos eu sabia que ele não tinha ido embora sem mim. Só restava olhar no banheiro masculino. Entrei sem pensar e não vi ninguém. Verifiquei as cabines e só uma estava ocupada. Recostei-me à pia e fiquei parada olhando para a porta.

– Calma. – Alguém disse da cabine e logo depois riu. Eu conhecia aquela voz, com certeza era Dave, só podia ser. Eu precisava confirmar e saber com quem ele estava falando. Entrei na cabine ao lado e subi no vaso me apoiando à parede. Olhei por cima e lá estava ele, com o paletó ao chão, camisa aberta e os braços em volta da cintura da Jessie. Jessie! Jessie! Jessie! Ele estava no banheiro com ela, logo com ela.

– Filho da puta! – Esbravejei e eles me olharam. Saí da cabine e Dave veio logo atrás.

– Delilah, espera. – Ele me segurou pelo braço e eu o encarei.

– Esperar pra quê? Ver você transar com a minha prima que acabou de casar?

– Não é bem assim. – Soltei-me dele e cruzei os braços.

– Ah não? O que vocês estavam fazendo então? Brincando de casinha?

– Por que você ficou tão irritada?

– Ah, vai se foder Mustaine. – Dei as costas e saí de lá. Eu precisava ir embora e iria nem que fosse a pé.

– Aonde você vai? – Já estava na calçada quando Dave me gritou.

– Para casa. – Gritei de volta. Ele correu até mim e segurou meu braço.

– Eu levo você.

– Não vai não.

– Então você vai andando? Deixa de ser estúpida.

– Então quer dizer que agora eu que sou estúpida? – Dei uma risada sarcástica. – Ontem mesmo você estava tentando transar comigo. – Ele riu e passou a mão nos cabelos.

– Ontem. Passado, Delilah.

– Você não passa de um merda, Mustaine.

– Como se você fosse muito diferente de mim. Quase ninguém da sua família gosta de você, e ainda conseguiu deixar sua vó daquele jeito. O que custava você ter ignorado as provocações da Jessie?

– Cala a boca, Mustaine. Você fala desse jeito pensando que sabe de alguma coisa, mas você não sabe de nada.

– Mas é claro que eu sei.

– Aham, claro que você sabe. Me poupe, Mustaine. Você não sabe nem o que fazer com a sua própria vida. Quer dizer... se isso que você tem pode se chamar de vida. Você só sabe beber, se drogar e pegar mulher. Você é tão sujo, que até os caras do Metallica te dispensaram.

– Eu não vou discutir com você. – Dave virou de costas para mim, foi andando em direção ao carro e eu o segui.

– Você não tem o que falar, porque sabe que tudo que eu disse é verdade. Você é um fracassado. – Eu tinha conseguido tirá-lo do sério. Dave se virou, me segurou pela blusa e me olhou nos olhos. Por um momento achei que ele fosse me bater, mas ao invés disso ele disse na maior serenidade:

– Você tenta se proteger com esse seu jeito estupido, mas todo mundo já percebeu que você tá na merda igual a mim. Ninguém te quer por perto porque você incomoda. Ninguém gosta de você, nem você mesma. Você é tão sozinha quanto eu, Delilah. – Ele largou minha blusa e andou até o carro. Eu não tinha como responder e nem queria. Dave abriu a porta do passageiro e me olhou. – Entra no carro que eu vou te levar pra casa.

Suspirei e andei devagar até ele. Eu merecia ouvir aquilo e merecia ter visto os dois no banheiro. Eu tinha feito mal à minha avó e estava só recebendo o que merecia. Entrei no carro e ele me levou para casa. Não falamos nada o caminho inteiro. Desci do carro e o agradeci, subi para meu apartamento e me joguei na cama. Tudo que eu queria era dormir para não pensar em mais nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário