sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Capítulo 6 - Betrayed by lust

Tinha acabado de chegar no estúdio e já começaram a gritar.
– VOCÊ VIU O DAVE POR AÍ? – Gritou Dijon. Me assustei e me afastei um pouco.
– Não precisa gritar. Eu não vi não. Por quê?
– Ele sumiu ontem à noite. Foi pro camarim e não voltou mais. – Disse Greg.
– Chegou a ver ele depois do show? – Perguntou Dijon. Eu e Ellefson nos entreolhamos.
– Não. – Respondi.
– Eu vou ligar pra ele de novo. – Disse Steve. Ele saiu. Greg estava andando de um lado para o outro.
– Ah meu deus, será que o Mustaine morreu? – Ele disse.
– Cala a boca. Que merda você está falando? Deixa de ser babaca. – Disse Ellefson. – Ele só deve estar drogado por aí.
Steve voltou e sentou no sofá que estava ao meu lado.
– Ninguém atende, não adianta nada. Ele nem deve estar em casa.
– Ele vai aparecer. – Foi só eu falar que Dave entrou pela porta, sem falar com ninguém. Steve levantou do sofá e foi em direção ao Dave.
– Onde você estava? – Perguntou.
– Não é da sua conta.
– Cara eu pensei que você tivesse morrido. – Disse Greg. Dave riu e o abraçou.
– To aqui, cara. – Ele bateu nas costas em suas costas.
– Que bom, cara, que bom. – Disse Greg.
– Você está drogado? – Ellefson perguntou ao Dave.
– Não estou drogado. – Dave respondeu e começou a rir estérica e sarcasticamente.
– Claro que está, olha pra você. – Dave veio em minha direção e me empurrou para que eu saísse do caminho e se sentou no sofá.
– Você podia ter ao menos pedido licença. – Reclamei.
– Você deveria me agradecer por eu não contar pra ninguém. – Ele disse. Ellefson olhou para Dave e depois para mim. Todos os outros estavam olhando Dave com um ponto de interrogação na testa.
– Do que você está falando? – Perguntou Steve.
– Vocês não sabem ainda? – Disse Dave. – A Delilah, ela... – Ele foi interrompido.
– CALA A BOCA, SEU MERDA. – Ellefson gritou e todos o encararam. Dave levantou.
– QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FALAR DESSE JEITO COMIGO? – Dijon se aproximou deles e entrou na frente do Dave.
– Fica calmo, cara.
– ELE ESTÁ DROGADO! VAI PARA CASA DORMIR. – Gritou Ellefson novamente.
– O QUE É? SÓ PORQUE COMEU A DELILAH ESTÁ SE ACHANDO AGORA? – Filho da puta, porque ele tinha que abrir a porra da boca? Todos estavam encarando a mim e ao Ellefson.
– Vem comigo, Delilah. – Disse Steve. Ellefson segurou o braço do Steve.
– Dave está drogado, você vai mesmo acreditar no que ele diz?
– Mas continua sendo verdade. – Disse Dave.
– VAI SE FODER! – Gritou Ellefson.
– Vamos Delilah. – Disse Steve, ignorando os meninos e se soltando de Ellefson. Antes de sair olhei para Dave e ele estava rindo. Saímos da sala.
– O que o Mustaine disse é verdade? – Ele perguntou. Eu não consegui responder, não queria acabar sendo demitida. – RESPONDE DELILAH. – Ele gritou.
– Não que seja mentira. É mais verdade do que eu queria que fosse.
– Eu te avisei, mas você fez mesmo assim.
– Mas... Steve, eu estava bêbada. Juro que não vai acontecer outra vez.
– Não vai ter outra vez porque você está demitida. – Eu tinha perdido o melhor emprego que tive por culpa de um drogado e egocêntrico. Não conseguia acreditar que ele tinha feito isso. Estragou tudo. Abaixei a cabeça e concordei.
– Vou pegar minhas coisas. – Eu disse e voltei para junto dos meninos. Peguei minha mochila e comecei a tirar os papéis do Steve de dentro e os botar no sofá. Botei a mochila nas costas e me despedi do Greg e do Ellefson. Dijon me olhava com raiva, por isso decidi não falar com ele.
– Você não vai falar comigo? – Perguntou Dave.
– SEU VEADO. FILHO DA PUTA. DESGRAÇADO. INFELIZ. CANALHA. BABACA. VOCÊ É UMA BIXA. SEU IMBECIL. TOMARA QUE VOCÊ QUEIME NO QUINTO DOS INFERNOS. SEU BOSTA. – Saí de lá e Ellefson me chamou. Ignorei, eu não queria ter que olhar pra nenhum deles agora.
Fui direto pra casa, joguei a mochila em cima do sofá e me joguei na cama. Estava chateada e arrependida. Com vontade de gritar. O telefone estava tocando e eu não queria falar com ninguém. Puxei o fio da tomada e gritei sobre o travesseiro. Acabei dormindo. Acordei assutada com batidas à porta.
– NÃO TEM NINGUÉM EM CASA, VAI EMBORA. – Gritei. E é claro que quem quer que fosse, não desistiu. Bateu de novo, e mais forte dessa vez. – MAS QUE PORRA, NÃO QUERO VER NINGUÉM. – tornaram a bater na porta. – JÁ VOU CARALHO. – Me dei por vencida e abri a porta, era Dave.
– Pensei que não tivesse ninguém em casa. – Ele provocou. Empurrei a porta, mas fui empedida de fechá-la pelo pé de Dave. – Eu quero conversar com você.
– Não temos nada pra conversar. Agora some. – Tentei fechar a porta novamente, mas ele a segurou. Empurrou a porta e eu fui junto, ele entrou em meu apartamento e me encarou. – O que você quer?
– Eu posso sentar?
– Não.
– Tudo bem então. – Ele se sentou mesmo assim.
– Sai da minha casa. – Ele me puxou pelo braço para me sentar junto à ele.
– Eu sei que você ta com raiva de mim.
– Raiva? É mais do que isso.
– Tá, tanto faz. Eu vim te pedir desculpa.
– E?
– Me desculpa?
– O que?
– Me desculpa.
– Não to entendendo, o que você disse?
– ME DESCULPA. – Ele gritou. – Eu não devia ter falado aquilo.
– Porque?
– Porque a vida é sua e eu não devia ter me metido. E você dá pra quem quiser. – Revirei os olhos.
– Exatamente. Agora você pode ir embora.
– Você não respondeu se me desculpa ou não.
– Eu não posso falar com você agora.
– Porque? Tem horário marcado?
– Tenho que ir dormir cedo pra acordar cedo e procurar um emprego, já que você fez o favor de me livrar do último.
– Eu já pedi desculpas.
– É, eu ouvi.
– Agora você tem que me desculpar.
– Quem disse que eu tenho obrigação de fazer isso?
– Eu não vim aqui à toa.
– Então faça alguma coisa. – Ele ficou me olhando e veio se aproximando de mim lentamente, me pegou pela cintura e me beijou. No começo, não correspondi e tentei me soltar, mas acabei cedendo quando inalei o perfume dele. Segurei-o pela nuca e ele passou a língua sobre a minha, nos beijávamos lentamente e eu apertava sua nuca. Ele me apertou contra o corpo dele com força e chupou meu lábio inferior e eu suspirei. Dave sorriu e se afastou de mim, ele estava andando em direção à porta e o chamei, mas ele não me deu bola, continuou andando. Chamei novamente e ele ignorou. Suspirei, e quando ele chegou à porta, o chamei novamente. Ele parou sem virar para me olhar. – Eu te desculpo.

Capítulo 5 - The Scorpion


Cheguei ao estúdio e eles estavam bebendo e ouvindo as demos.
– Desliga. – Eu pedi e eles ignoraram. Revirei os olhos e desliguei a música. – Oi. – Eles me encararam com raiva. – Consegui um show pra vocês. – Olhei para Steve. – Sozinha.
– É mentira sua. – Disse Steve. Joguei o papel em cima da mesa de mixagem e Dave o pegou.
– É verdade, cara. – Ele disse surpreso. Dijon tomou o papel da mão dele.
– Inacreditável.
– Mas essa porra é hoje a noite! – Disse Greg.
– Tá vendo, não faz nada direito. – Disse Steve.
– E qual o problema de ser hoje a noite? – Perguntei.
– Nós não temos vocalista. – Disse Ellefson.
– Qual o problema?
– Qual parte do vocalista você não entendeu?
– Dave canta. – Sugeri. Todos me olharam como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.
– Você deve estar brincando com a nossa cara. – Disse Dijon.
– Dave não canta. – Disse Greg.
– Todo mundo sabe disso. – Dessa vez foi Steve.
– Canta sim, eu ouvi ontem. – Olhei pro Dave e ele estava assustado.
– Você deve estar louca. – Ele disse.
– Ela não ta normal. – Disse Ellefson. Eu tinha feito um favor em arrumar o show e eles estavam arrumando empecilhos, me estressei.
– ENTÃO VAI PRO SHOW E TOCA ESSAS PORRAS DE DEMOS PRA VER SE ALGUÉM VAI FICAR PRA OUVIR. – Gritei.
– Ela tem razão, não da pra ser um show instrumental. – Disse Steve. Todos ficaram encarando o Dave.
– Olá. – Ele disse.
– PERA AÍ. – Gritou Dijon. – Onde você ouviu Dave cantando?
– No carro, quando ele me levou para casa depois que todos vocês nos abandonaram. Eu ouvi, não to ficando louca. – Dave riu do que eu disse e Ellefson o olhou.
– Você vai cantar. – Disse Ellefson com o dedo quase encostando na cara de Dave.
– Mas... Calma. – Disse Dave.
– Não dá pra ter calma, é hoje a noite. – Disse Steve. Greg pegou a guitarra e olhou para Dave.
– O que você está esperando? – Ele perguntou e entrou na cabine. Os outros foram atrás e Dave ficou me olhando.
– Vai logo. – O empurrei em direção à cabine.
– Você me paga. – Ele disse pra mim. Ri e o empurrei de novo. Eles passaram o dia ensaiando.
Eram dez horas da noite e eles estavam arrumando as coisas no palco do bar. Eles estavam nervosos, principalmente Dave, que não parava de dizer que eu estava louca. Steve ficava andando atrás dele de um lado para o outro dando apoio moral, que eu acho que não estava adiantando muita coisa. Dave tinha me xingado mais uma vez.
– Você vai conseguir Dave. – Steve dizia. – Só manter a calma e... – Ele o interrompeu.
– Cara, cala a boca. Você está me deixando irritado, vai pegar a merda da minha salvação que tá na mochila. – Disse Dave. Só poderia ser droga, claro. Que outra coisa o “salvaria”? Eu observava tudo que ele fazia, achando graça. – Você tá adorando tudo isso né?
– Você deveria estar feliz. Afinal, sua vingança contra o Metallica tá começando a dar certo. – Ele bufou e Steve chegou com quatro cigarros de maconha entregando pra cada um dos meninos e vindo em minha direção depois. – Eles não deveriam se drogar.
– Cala a boca, você não sabe de nada. – Ele me respondeu. Fui me sentar no balcão.
O show começou um pouco depois e eles tocaram todo o repertório, o que incluía Mechanix, que era uma versão mais rápida e intensa da música que Metallica gravou com o nome de The Four Horsemen. Tocaram também alguns pedidos que o público fez. Assim que o show acabou os meninos vieram falar comigo e eu os parabenizei. Ficamos bebendo e depois Ellefson me levou para o que disseram ser um camarim, mas não passava de uma dispensa um pouco mais arrumada.
– Porque você me trouxe aqui? – Perguntei.
– Você é muito bonita, sabia? – Ele disse se aproximando de mim.
– Obrigada. – Ele pôs as mãos na minha cintura.
– E muito gostosa também.
– Obrigada de novo, eu acho.
Ele sorriu e beijou meu pescoço, minha orelha e logo depois minha boca. Subiu a mão direita pela minha cintura até meu seio e apertou. Eu já estava com as mãos por dentro da camisa dele e levantava devagar. Ele me soltou para tirar a blusa e eu abri o zíper da calça dele. Voltamos a nos beijar e ele levantava minha blusa. Empurrei-o devagar e tirei a blusa enquanto ele beijava meu pescoço e apertava minha cintura. Ele passou a mão pelo meu corpo até chegar nas costas, desabotoou meu sutiã e o jogou no chão, beijou meu seio, chupou meu mamilo enquanto abaixava minha calça, segurei-o pela nuca e apertei sua cabeça contra meus seios, ele me empurrou para a parede e chupou com mais força. Levantei a cabeça dele e sussurrei em seu ouvido:
– Vai com calma. – Eu beijava o pescoço dele enquanto abaixava sua calça, senti ele ficando arrepiado. Ele ficou de joelhos e tirou minha calcinha, subiu beijando minha perna e minha barriga, em seguida beijou meu pescoço enquanto abaixava a cueca. Me segurou pelas pernas e me levantou, as passei por sua cintura. Ele me penetrou de uma vez e nós gememos juntos. Encostei a cabeça na parede e fechei os olhos. Eu gemia alto, enquanto ele penetrava cada vez mais rápido e chupava meu seio. Ouvi barulho da porta e quando abri os olhos vi que era o Dave.
– Mas que porra é essa? – Ele perguntou e riu. Ellefson virou o rosto pra ele deixando meu rosto à mostra.
– Sai daqui, Dave. – Ele olhou pra mim e tirou o sorriso do rosto.
– AH, VAI SE FODER. – Gritou e saiu batendo a porta com força.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Capítulo 4 - Two hearts that shouldn't talk to each other

– Narração do Dave –
Estava encostado na parede fumando e vi Delilah se aproximar de mim.
– Oi. – Ela disse. – Cadê o Steve e os outros?
– Não sei, saí pra comprar cigarro e quando voltei não tinha mais ninguém.
– Está aqui a muito tempo?
– Não muito, vou esperar mais um pouco pra ver se aparecem e depois vou embora.
– Tudo bem, também vou.
Ela ficou ao meu lado por um tempo, depois sentou-se no meio fio e eu ri.
– Vai  ficar aí sentada igual a uma mendiga? – Perguntei.
– Vou, porquê? Quer dar esmola?
– Ah, vou embora. Vai ficar sentada aí?
– Já disse que vou.
– Tá bom.
Virei as costas e me afastei, se ela queria ficar sozinha à noite, problema dela. Cheguei perto do carro e olhei pra trás, ela continuava sentada no meio-fio e chutava algo no chão.
– Porra. – disse em voz baixa.
Eu não podia deixá-la sozinha. Voltei até onde ela estava.
– Porque não vai embora? – Perguntei.
– Não tenho dinheiro.
– Quer carona?
– Não
– Quer dinheiro?
– Não
– Então vai ficar aí?
– Vou. – Sentei ao lado dela. – O que você está fazendo?
– Te fazendo companhia. – Acendi outro cigarro.
– Porque?
– Eu estou tentando ser gentil com você, então cala a boca.
– Mas quem disse que eu quero a sua companhia?
– Porque você é sempre tão chata? – Olhei-a, ela tirou o cigarro da minha mão e ficou olhando por um tempo, achei que poria na boca, mas ela jogou no meio da rua. – Porque você fez isso? – Ela tinha conseguido me deixar com raiva.
– Você não vai fumar perto de mim. – Ela disse me encarando.
– Você deveria me agradecer, porque eu poderia ter ido embora e deixado você aqui sozinha correndo risco de ser estuprada ou sequestrada, ingrata.
– Não preciso de você, nem da sua pena. – Ela ficou observando a rua.
– Eu devia ter deixado você morrer aqui sozinha.
– Se for pra ficar aqui me irritando, acho melhor ir embora. – Virei o rosto pro lado e fiquei fitando o chão. Como essa garota pode ser tão irritante? Eu estou aqui perdendo meu tempo ao lado dela, enquanto poderia estar fazendo qualquer outra coisa melhor, ela deveria deixar de ser tão arrogante.
Ela bufou e eu a olhei.
– Desculpa. – Ela disse.
– Pelo que exatamente?
– Por ter sido estúpida com você. Não que não mereça, mas enfim. – Eu ri.
– Nem quando está tentando ser educada você consegue, impressionante. – Ela ignorou o que eu disse.
– Porque ficou aqui?
– Já disse, para te fazer companhia.
– Ah. – Ficamos em silêncio por um longo tempo, e por incrível que pareça, fiquei constrangido.
– Com tantos empregos por aí, porque resolveu trabalhar pro Steve?
– Preciso de dinheiro para pagar a faculdade de arquitetura, e ele era o que me pagaria melhor.
– Cadê sua família?
– E cadê a sua família? – Ela perguntou, na tentativa de se esquivar.
– Eu saí de casa. Minha mãe era muito religiosa e me pressionava demais. – Ela riu.
– Eu morava com a minha avó, mas saí de casa porque meus tios diziam que eu a extorquia.
– Parece que eles estavam certos, já que agora você não tem dinheiro nem para a passagem de volta. – Ela ficou quieta por alguns segundos, mas acabou rindo.
– É, talvez eles tivessem razão.
– Parece que o Steve não vai mais aparecer por aqui. – Ela se levantou e limpou a calça.
– É, eu vou embora. – Levantei também.
– Deixa eu te levar.
– Não precisa, vou a pé.
– Você ta brincando com a minha cara, né? – Peguei-a pelo braço e a puxei até o carro. – Você vai comigo querendo ou não.
– Você é a pior pessoa que eu poderia conhecer.
– Não vai se arrepender de ter me conhecido. – Abri a porta do carro e ela entrou. Entrei no carro e liguei o som, dei partida.
– Sabe onde é minha casa? – Ela perguntou.
– Sei. – Eu estava mudando as estações do rádio, quando passei por uma que estava tocando Smoke on the Water, do Deep Purple.
– Para! – Me assustei e a olhei.
– O que foi?
– Gosto deles. – Eu ri.
Ela estava cantando, e se tornava menos insuportável e quase delicada, era engraçado. Comecei a cantar junto com ela, mas ela acabou parando e me olhando, olhei pra ela e ri, ela estava sorrindo.
– O que foi? – Perguntei.
– Não sabia que cantava. – Ela riu.
– E eu não sabia que você podia ser tão adorável.
Chegamos em frente ao apartamento e ela saiu do carro e sorriu pra mim. Fiquei observando cada um de seus movimentos, desde que ela pegou a chave no bolso e brigou com a fechadura para a chave encaixar. Por um momento eu cheguei a pensar que ela não era tão desprezível. Gostosa, bonita, engraçada, sedutora... Mas que porra eu to pensando?!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Capítulo 3 - Public Enemy Number One

Acordei assustada com a buzina seguida por gritos. Eram Dijon e Mustaine me gritando da janela. Olhei e pedi que esperassem. Só deu tempo de escovar os dentes e eles já estavam me gritando de novo. Prendi o cabelo, peguei minha jaqueta, calcei o coturno e desci as escadas correndo.
– Bom dia – Eu disse ao Dijon e ao Steve. Não cheguei nem a olhar para o Mustaine, e acho que ele fez o mesmo.
– Bom dia – Responderam.
Entramos no táxi e o motorista deu partida.
– Pra onde vamos? – Perguntei. Engraçado como eu nunca sabia de nada.
– Eu e Dijon vamos comprar uma bateria, e você e o Dave vão terminar de resolver as coisas do show. – Steve respondeu e me entregou um bolo de papéis. – Vocês só vão precisar levar isso, e pedir pro dono do estabelecimento assinar, confirmando a data e horário. Não é tão difícil. Eu já disse ao taxista onde ele deve deixar vocês. – Enquanto Steve terminava de falar, o táxi parou, e ele e Dijon desceram. – Façam o que eu mandei e vão para o estúdio. – Steve disse enquanto fechava a porta.
O taxista continuou até uma casa de shows escondida, em uma rua sem saída. Descemos do carro e Dave tentou pegar os papéis da minha mão.
– Ei, larga caralho! – Exclamei.
– Você não sabe de nada, vai fazer tudo errado. – Ele disse e tentou pegar os papéis de novo. Eu puxei os papéis pra junto do meu corpo e ignorei o que ele disse.  – Nem tomar banho você tomou. – O olhei, rindo.
– Até a roupa que eu tava ontem você gravou, cara. Que merda hen. – Ele ficou com raiva e virou o rosto para o outro lado e ficou olhando para a rua. – E esse cabelo de mocinha, vai cortar quando?
– No mesmo dia em que você resolver tomar banho. – Respondeu com raiva.
Passaram duas meninas ao nosso lado, cochichando algo sobre o Dave. Ele sorriu pra elas, que atravessaram a rua. Dave olhou pra mim e bufou.
– Vou resolver umas coisas. – Ele disse e saiu de perto de mim. Não olhei pra onde estava indo, lia o contrato que estava em minhas mãos. Quando me dei conta ele estava do outro lado da rua conversando com as garotas, fui até ele e o puxei pelo braço.
– O que você pensa que está fazendo? – Perguntei, quase gritando.
– E quem você está pensando que é? – Ele perguntou debochando de mim.
– Temos que resolver as coisas.
– Eu já estou resolvendo as minhas coisas. – Ele conseguiu se soltar de mim. – Agora você sai daqui.
Eu deixei ele com as garotas e entrei na casa de shows, com raiva. Dave ia me pagar. Pedi para falar com o dono e me indicaram uma pequena sala ao fundo. Entrei de uma vez, sem pedir licença ou me anunciar. Sentei na cadeira e joguei os papéis sobre a mesa.
– Quem é você? – O homem de cabelos pretos e barba grisalha me perguntou.
– Empresária do Megadeth.
– E cadê um dos integrantes da banda?
– Não vieram porque eu vim cancelar o show. – Respondi mostrando os papéis a ele.
– Tem certeza? Para uma banda que só está começando eu vou pagar muito por esse show. – Ri debochadamente.
– Pode cancelar tudo que o Mustaine nem vai pensar em segurar esse dinheiro. – Ele cancelou, e quando estava me entregando os papéis, Dave entrou na sala, sorridente.
– E aí? Já acertou tudo? – Perguntou.
– É, parece que não foi dessa vez. – Disse o homem de aparência assustadora.
Levantei e saí da sala. Pude ouvir Dave perguntar “Porque?”. Logo depois ele veio atrás de mim, gritando e me xingando. Estava abrindo a porta do carro quando Dave segurou minha jaqueta e me puxou para ficar de frente pra ele.
– O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, SUA DOENTE? – Ele gritou. Puxei minha jaqueta da mão dele e me virei para entrar no carro, mas ele me puxou de novo. – Estou falando com você, sua maldita. – Ri, e ele ficou com raiva. – ME RESPONDE.
– É pecado tratar mal ao próximo, você não sabia? – Ele me largou e socou o carro e eu continuava rindo. Ele me encarou e voltou a gritar. – ME DÁ ESSES PAPÉIS.
– Não. – Os escondi nas costas.
– Então tá. – Ele me agarrou e tentou tirar os papéis de mim.
– SOCORRO! SOCORRO! – Eu gritava. A essa altura todos que passavam já estavam nos observando. Dave Mustaine estava supostamente agredindo uma garota. Ele tapou minha boca para que eu parasse de gritar. E eu mordi sua mão com toda força que consegui juntar.
– FILHA DA PUTA! – Ele gritou.
– Agora pode pegar seus papéis, querido. – Eu rasguei o contrato ao meio e joguei em cima dele.
Ouvi o motorista reclamar e dizer que o taxímetro estava rodando e iríamos pagar tudo. Entrei no táxi e Dave veio logo depois de mim.
– Agora vamos  para o estúdio. – Eu disse ao motorista. Ele mal deu partida e Dave já estava reclamando de novo.
– Tá sangrando. – Ele disse enquanto alisava a mão.
– Foda-se.
– Porque você é tão irritante?
– Foda-se. – Ele me encarava sério.
– Eu vou te foder. – Ri.
– Sonha. Eu não gosto de mocinhas.
– Olha meu pinto pra ver se eu sou mocinha, e aproveita pra fazer um boquete. – Eu o encarava, e quando estava prestes a responder, Dijon abriu a porta do carro e se jogou ao meu lado. Steve entrou logo depois dele e se sentou no banco da frente.
– E o show? – Perguntou Steve. Eu ri.
– O que foi? – Perguntou Dijon.
– Deixa que o Mustaine responde essa.
– O que aconteceu Dave? – Perguntou Steve.
– Não tem mais show. – Respondeu irritado.
– O QUE? PORQUE? – Gritava Steve. Dave me olhou e logo depois voltou a olhar para Steve.
– Porque eu não quis. – Parei de rir imediatamente. Porque diabos ele não tinha me dedurado?
Steve ficou dando esporro em Dave até chegarmos na casa dele. Quando o táxi parou, Dijon desceu e pegou em minha mão para me ajudar a descer. Sorri para ele, e Dave o chamou para entrar.
– Não vou entrar agora. Vou levar a Delilah em casa. – Dave bateu a portar do carro com força, entrou batendo os pés e eu ri.
– Tá rolando alguma coisa entre vocês? – Perguntou Dijon.
– Claro que não. – Respondi.
– Delilah, vai pra casa, e me encontra aqui as sete da noite. Vamos sair todos juntos, temos muito o que fazer. – Disse Steve.
– Não posso mesmo ficar em casa?
– Quer ser demitida?
– Então deixa o Dave longe de mim.
– É só você ficar longe dele. – Bufei e olhei para o Dijon.
– Preciso ir. – Disse.
– Deixa eu te levar? – Perguntou Dijon.
– Não.
– Porque?
– Desculpa Dijon, mas não quero ser comida pelo baterista do Megadeth. – Virei de costas pra ir embora, mas Dijon entrou na minha frente e segurou minha cintura.
– Então eu não te como, só te beijo. – Ri.
– Começa com um beijo, depois você vai ficando excitado e eu não quero ter que resistir a isso. – Ele sorria de orelha a orelha.
– Então você quer?
– Já disse, não gosto de bateristas do Megadeth. – Disse rindo. Fui embora e deixei ele parado, olhando pra mim.