sexta-feira, 26 de abril de 2013

Capítulo 9 - The harder the rules became

Acordei com o sol batendo em meu rosto, mas minha cabeça doía demais para que eu abrisse os olhos. Fiquei me revirando na cama por mais alguns minutos... Ou horas, não sei direito. Finalmente tomei coragem e abri e parecia que tinham acendido todas as luzes do mundo direto na minha cara, puxei o travesseiro e cobri o rosto. Levantei-me devagar e fui tomar banho. Ao sair encostei minha cabeça no espelho sobre a pia e fechei os olhos. Esforçava-me para lembrar o que acontecera na noite anterior, mas tudo que tinha eram fragmentos. Gritos, Dave batendo em alguém, pegando na minha bunda...
Meus pensamentos foram interrompidos pelo telefone e por um momento considerei não atender, mas o barulho irritante só fazia com que minha cabeça doesse mais.
– Delilah, é o Dave.
– Oi, o que você quer?
– Só liguei para saber se você estava viva. – Não, meu fantasma que te atendeu.
– Estou, agora você já pode desligar.
– Tá bom, tchau.
– Tchau. – Fiquei esperando ele desligar o telefone, mas ainda podia ouvir sua respiração. – Ligou só para isso?
– Foi.
– Então por que não desliga o telefone?
– Desliga você.
– Não, desliga você.
– Você não manda em mim, eu não vou desligar. – Ele já estava me irritando.
– Desliga logo a porra do telefone, Mustaine.
– E se eu não quiser desligar, caralho?
– Então eu desligo. Tchau.
– Não, eu desligo. – Ri.
– Ah, vai se foder.
– Você deveria me agradecer por ontem. – Bati o telefone no gancho, com força e me sentei à cama. O que ele quis dizer com aquilo? Respirei fundo e puxei o telefone para meu colo, me estiquei até o criado-mudo e abri a gaveta. Tive que me esticar ainda mais para conseguir pegar a agenda. Poderia ligar para Ellefson, mas com certeza o acordaria. Liguei para Dave, que demorou a me atender.
– Alô?
– É a Delilah. – Pude ouvi-lo rir.
– Você de novo?
– O que aconteceu ontem?
– Eu vou até aí te contar.
– Não.
– Por que não?
– Não quero você na minha casa.
– Então fica sem saber. – Ficamos em silêncio por alguns segundos e eu suspirei.
– Tá bom, pode vir. – Desliguei o telefone e me deitei no sofá. Não tinha se passado nem cinco minutos e bateram à porta. Não era possível que fosse Dave, a casa dele não era tão perto assim da minha. Levantei e abri a porta. Dijon estava parado sorrindo para mim.
– Olá! – Ele disse me abraçando. – Como você tá?
– Bem e você?
– Estou bem.
– Entra. – Pedi e indiquei o sofá para que sentasse.
– Como você tá levando a vida? – Ele bateu no assento vago ao seu lado e me sentei.
–Ah, só o que você já sabe. Perdi o emprego por culpa do Mustaine e estou tentando sobreviver.
– Todo mundo perde o emprego por culpa dele.  – Nós rimos. Dave abriu a porta violentamente e gritou:
– CHEGUEI! – Ele tirou o sorriso do rosto e ficou encarando Dijon.
–Claro, pode entrar. Sinta-se à vontade.– eu disse irônica, mas Dave me ignorou.
– O que ele tá fazendo aqui? – ele não gritava, mas estava quase lá.
–Veio me ver. – eu disse me aproximando dele.
– Não era para você estar falando com ele.
– Por quê?
– Ele é o inimigo. – Dijon deu uma gargalhada alta e nós o encaramos.
–Relaxa, cara.
– Dave, você é patético. – eu o empurrei na direção do sofá e ele se sentou. Debrucei-me sobre o parapeito da janela e chamei Dijon.
– Vocês estão tendo alguma coisa?
– Não, claro que não. – ri. – Ele só deve estar ficando maluco mesmo.
Toda vez que olhávamos para Dave, ele estava nos encarando de cara amarrada. Estava começando a me irritar e Dijon deve ter se sentido incomodado, pois não ficou por muito mais tempo.
– Eu tenho que ir. – ele disse olhando para Dave mais uma vez. – É melhor, antes que o outro ali me ataque. – nós rimos e fomos em direção à porta. – Eu venho te ver de novo. – assenti e acenei para ele. Fechei a porta e sentei ao lado de Dave.
– Pronto, agora você pode falar.
– Agora você pode falar comigo? – ele parecia mais irritado do que eu imaginara.
– Você parece uma criança. – Dave bufou. – Me conta o que aconteceu ontem.
– Agora você vai ficar querendo saber.
– Sério? Você esperou esse tempo todo para não me contar? – ele se levantou para ir embora, mas fui mais rápida e entrei na frente da porta, o impedindo de abrir.– Não vai sair daqui até me dizer o que aconteceu.
– Então vamos ficar aqui por muito tempo. – disse cruzando os braços. Ficamos nos olhando até ele aproximar o rosto do meu. Tapei sua boca.
– O que você pensa que está fazendo?
– Não é óbvio? – ele tirou minha mão de sua boca, pôs a dele em minha nuca e me beijou. Eu não cedi exatamente, mas também não o impedi. Logo depois beijou meu pescoço e eu o empurrei.
– Para!
– Não. – Dave me segurou pela cintura pressionando meu corpo contra a porta e voltou a beijar meu pescoço enquanto eu estapeava suas costas. Entrelacei meus dedos entre seus cabelos, puxei com força e ele gemeu de dor. – É assim que eu gosto. – o encarei e ri.
– Mas é mesmo uma moça.
– Cala a boca. – continuou a beijar meu pescoço e passou a mão na minha bunda, tentou me beijar, mas mordi sua língua e o empurrei.
– Se você se aproximar de mim eu vou gritar.
– Você não vai fazer isso.
– Tenta a sorte. – ele se aproximou. Um passo de cada vez. – Um... Dois... Três. – gritei com toda força que consegui. Dave pôs a mão em minha boca e sussurrou ao meu ouvido:
– Cala... a boca. –senti frio na barriga e me arrepiei ao ouvir sua risada. Ele beijou minha orelha lenta e delicadamente. Puxei sua blusa aos poucos e a tirei. Como você se entrega fácil, Delilah. O beijei novamente e arranhei suas costas enquanto ele apertava minha nuca. Uma voz em minha cabeça dizia que eu deveria bater nele, morder ou qualquer coisa que o fizesse parar, mas meu corpo dizia o contrário. Dave puxou meu cabelo, inclinando ainda mais minha cabeça, pôs a outra mão em meu seio enquanto eu chupava sua língua. Ele desceu beijando do meu pescoço até meus seios e os apertou. Gemi baixo ao seu ouvido e mordi sua orelha. Bateram à porta.
– Dave... – eu disse baixo. Dave agiu como se nada tivesse acontecido, estava abaixando um lado da minha blusa e beijando meu ombro. – Dave, eu tenho que atender.
– Não. – ele me imprensou contra a porta enquanto procurava o fecho do meu sutiã.
– Dave! –o empurrei e ele bufou. Puxei de volta a alça da blusa e abri a porta. – Vovó! – ótima hora para aparecer. – O que você está fazendo aqui? Não sabia que viria. – perguntei a abraçando.
– Tem que avisar agora para visitar minha netinha?
– Claro que não, entra.
– AH, MEU DEUS! QUE É ISSO? – minha avó gritava olhando para Dave, mais precisamente para suas calças. – ESCONDE ISSO, MENINO! E VÊ SE PÕE UMA CAMISA. – Dave a olhava assustado enquanto eu ria. Ela se voltou para mim. – Filha, esse é seu namorado? Você não me disse que tinha um namorado.
– Não, vó. Ele não é meu namorado.
– Tudo bem, filha. Não precisa ter vergonha. Ele é feio, mas se você gosta dele, não tem problema nenhum. – eu acho que ri alto demais, porque os dois me encaravam.
– Ele não é meu namorado, vó. E já estava indo embora, né?
– É. – Dave se abaixava para pegar sua camisa que estava jogada no chão. – Tchau. – ele ficou me olhando, como se esperasse que eu fosse beijá-lo ou algo do tipo.
– Mas não precisa ir embora. – ótimo, agora minha avó queria socializar com ele. – Venham, eu trouxe lanche. – ela disse indo à cozinha. Dave me olhava com um sorriso sarcástico no rosto.
– Cala a boca, babaca.
– Mas eu nem falei nada. – ele respondeu rindo enquanto botava a camisa. Fui para a cozinha e Dave me seguiu, sentou-se à mesa e ficou me olhando.
– Menina, você não come, não? – disse minha avó, que estava olhando minha geladeira. – Vem me ajudar.  – me aproximei dela e pus as mãos sobre a pia.
– O que você quer que eu faça?
– Na verdade, eu só queria falar que ele parece ter um bem grande. – ela sussurrava para mim.
–Um o que vó?
– Você sabe... dote. – me controlei para não rir da cara dela. Minha avó estava mesmo prestando atenção no pinto do Dave?
Ela tirou um bolo de dentro da sacola que trouxe, cortou um pedaço e levou para ele.
– Qual o seu nome menino?
– Dave.
– Dave? Mas que nome de marginal.
– É David, vó. – eu disse me sentando na cadeira de frente para ele.
– David, claro. David de que?
– Mustaine. – Ele respondeu.
– Pelo menos alguma coisa bonita. Agora coma esse bolo, e come tudo pra ver se você deixa de ser tão magricela. – eu ri e Dave me encarou. – Senta ao lado do seu namorado, querida.
– Ele não é meu namorado, vó.
– Não? – Perguntou Dave.
– Não.
– Não é assim que se trata seu namorado. Senta do lado dele, vai. – a essa altura eu já tinha desistido de contrariá-la. Levantei-me e sentei na cadeira ao lado do Mustaine e minha avó sentou de frente para nós. – Quantos anos você tem, David?
– Vinte e dois.
– Nossa, a Delilah é tão novinha. Você sabia que ela é virgem? – senti meu rosto queimar e o cobri com a mão. Dave me olhava, se segurando para não rir.
– Claro. Eu cuido muito bem dela. – ele botou a mão em minha coxa e acariciou. Empurrei-a com força e ele riu.
– Por isso você não tem namorados legais. É tão grossa com eles. Até o David vai te largar se você continuar assim. Vai achar uma menina delicada para cuidar dele.
– Sua avó tá certa. Você não me dá carinho, fica socializando com o inimigo e é selvagem demais. – cruzei os braços e o encarei.
– Não é assim que você gosta? – ele riu.
– Depende da situação.
– Filha, você é virgem? – ignorei-a e respirei fundo.
– Vó, o que você veio fazer aqui?
– O casamento da sua prima é amanhã e você ainda não experimentou o vestido.
– Vestido? – Dave perguntou e nós o ignoramos.
–Eu já disse que não vou, vó. – ela me ignorou e o tirou da bolsa.
– Vá experimentar. – levantei emburrada e olhei para Dave, que riu. – Você fica aqui, menino. – o vestido era longo e azul-marinho, com decote nas costas que ia até quase minha bunda. Depois de muito esforço para que ele passasse por meus peitos, me olhei no espelho e revirei os olhos. – Você está ainda mais linda, minha filha.
– Tá, posso tirar?
– Mas e seu namorado? Não quer que ele veja?
– Pra que?
– Tudo bem, então. Tire. – tirei o vestido, o joguei em cima da cama e voltei para a cozinha.
– Ué, cadê? Eu sou o namorado, tenho que ver também.
– Vai ficar querendo. – mostrei a língua pra ele, que riu.
– Eu disse a ela para te mostrar, mas sabe como a Delilah é. – me sentei ao lado dele e apoiei os braços sobre a mesa. – Filha, deveria levá-lo ao casamento. – ela não podia ter dito isso. Não, tudo menos isso.
– Ele não tem tempo.
– Quem disse? – indagou Dave.
–Eu estou dizendo.
– Então você vai? – minha avó perguntou animada.
– Mas é claro. – ele disse ao tentar me abraçar.
– Já tá na hora de você ir embora, não acha? – perguntei o encarando com raiva. Dave olhou para o relógio de parede e suspirou.
– Parece que sim.
– Arrume um terno, David. Não quero você no casamento com essas blusas esquisitas que vocês têm.
– Claro. – ele estava em pé me olhando. – Vem comigo até a porta, amor?
– Por que, suas pernas estão quebradas? Ah, não estão. Quer que eu as quebre para você? – minha avó me encarava em reprovação. Levantei-me e o puxei pelo braço até a porta.
– Que horas eu venho te buscar amanhã?
– Eu não vou, muito menos você. – ele riu.
– Claro, porque sua avó não vai te obrigar a ir. – respirei fundo. Ele tinha razão, eu seria obrigada a ir, e se fosse para aturar tudo aquilo, por quê não com companhia?
–Cinco da tarde. E não se atrasa.
– Não vou. – Dave já estava no corredor. Passou a mão em meu rosto e se aproximou para me beijar, mas eu virei e ele acabou beijando meu cabelo. – Agora pouco você estava gemendo ao meu ouvido, mas não me dá um beijo? – revirei os olhos e bati a porta na cara dele. A última coisa que eu precisava agora era que ele percebesse que eu tinha ficado com vergonha.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Capítulo 8 - Before it's mortification, now let the torture begin!

Estava sentada na cadeira atrás do balcão da loja, ouvindo Rock of Ages do Def Leppard em meu toca fitas. A música estava alta o suficiente para que eu não ouvisse qualquer um que falasse comigo. Estava distraída cantando quando ouvi um barulho alto e me assustei. Dave tinha batido no balcão com força para chamar minha atenção.
O que você está fazendo aqui? – Tirei o fone do ouvido e me levantei.
Vim comprar um disco, o que mais poderia ser? – Revirei os olhos.
Tanto faz.
Você não deveria ser gentil comigo? – Ele provocou e eu sorri irônica em resposta.
Em que posso ajudá-lo, senhor?
Eu quero o Led Zeppelin II.
Já tentou procurar na letra L?
Eu não quero procurar, quero que você procure para mim. – Ele me encarava sorrindo.
Filho da puta. – Andei pela loja com Dave atrás de mim.
Vi você no show ontem.
Que bom, sinal de que tem olhos. – Eu procurava o disco para ele.
Que sorte a sua, trabalhando em uma loja de discos.
Claro, muita sorte. Tenho que trabalhar duas vezes mais pra ganhar menos do que antes. Que sorte a minha. – Ele riu. – É tudo culpa sua. – A essa altura já estávamos no balcão e eu segurava o disco.
Você é Dave Mustaine. – Scott, meu chefe, estava atrás de mim. Eu não sei por quê, mas ele era um fã maluco de Metallica e achava que todos precisavam saber disso. Além de idolatrar Dave, que para a maioria dos adultos de sua idade era só mais um adolescente babaca metido à rebelde. Coloquei o disco na sacola e entreguei ao Dave.
Sim, e ele já estava indo embora, né?
Isso não é jeito de falar com os clientes, principalmente se ele é Dave Mustaine. – Olhei para ele e em seguida para Dave, que riu. Ele só podia estar brincando com a minha cara.
Seu chefe tem razão. – Dave disse me entregando o dinheiro.
Vai se foder, Dave. Vai embora antes que eu perca outro emprego por sua causa. – Ele apertou a mão de Scott e saiu da loja acenando para mim.
Dave Mustaine apertou minha mão. Ele apertou minha mão. – Disse Scott voltando para pequena sala no final da loja.
De onde o conhece? – Perguntou Bonnie, que tinha acabado de se aproximar de mim.
Trabalhei pro empresário dele.
Vocês são amigos?
Não. – Amiga de Dave Mustaine? Não, muito brigada.
Então vocês transaram? – Mas que tipo de pergunta era essa? Bonnie parecia bem abusada pro meu gosto.
Não.
Não?
Não. – Me sentei na cadeira e botei de volta meus fones de ouvido. Bonnie ficou me olhando por alguns segundos e depois me cutucou e eu tirei os fones. – Pois não?
Você tem que trabalhar.
Eu estou trabalhando. – Ela colocou uma caixa no meu colo.
Chegaram mais discos, me ajuda a arrumar.
Enquanto arrumávamos as prateleiras ela ia me perguntando sobre as músicas que gosto e vice-versa. Acabamos nos dando bem e passamos o resto do expediente conversando. Quando deu oito horas da noite nós fechamos a loja. Fui para casa o mais rápido que pude e tomei banho. Estava exausta, precisava dormir. Mal me joguei na cama e bateram à porta. Levantei de mau grado e  me arrastei para atender. Era Ellefson que sorria como uma criança que acabara de aprontar.
Oi. – Eu disse. Ele me beijou e entrou.
Vai se arrumar. – Fechei a porta e fiquei olhando para ele. – Delilah, por mais que você fique sexy nesse shorts, precisa se arrumar logo porque eles acham que estou comprando cerveja. – Ri.
Eles quem? Para onde vamos?
Festa. Anda logo! – Fui para o quarto e ele me acompanhou. Abri o guarda-roupas, procurava uma calça limpa no meio de uma pilha de roupas. – Você é tão desorganizada. – Ele ria e debochava de mim.
Pode me dar licença? Obrigada. – Eu o empurrei para fora do quarto e fechei a porta. Não achei nenhuma calça limpa, teria que ir de shorts. Eu realmente precisava lavar minhas roupas. Como se já não bastasse procurar por uma calça, teria que cheirar minhas blusas até achar uma limpa, ou quase isso. Vesti a do Jimi Hendrix e meu coturno. Ouvi Ellefson bater na porta.
ANDA LOGO, DELILAH.
Pronto, querido. – Disse irônica ao abrir a porta.
Ele parou no caminho para comprar cerveja e seguimos para a festa. A casa estava cheia e dava para ouvir a música do lado de fora.
– Narração do Dave –
Eu estava jogado no sofá com um copo de cerveja na mão, prestando atenção na conversa dos meninos que estavam ao meu redor.
– Mas que porra! – Tinha pensado alto demais. Eles pararam de falar e me encararam. Tinha visto Ellefson entrar acompanhado de Delilah e se aproximando de nós.
– Achei que fosse comprar cerveja. – Disse Mike.
– O que ela está fazendo aqui? – Ambos me encararam mas não responderam.
– Gente, essa é a Delilah. Delilah, esses são John, Mike, Jack, Tyler... E o Mustaine você já conhece. – Disse Ellefson apontando para cada um de nós. Ele entregou o engradado de cerveja para Jack, que o levou para a cozinha. Fiquei observando Delilah, ela estava de shorts e eu não conseguia parar de olhar suas coxas. Ela deve ter percebido, pois quando a olhei ela estava me encarando.
– Oi. – Ela disse. Não respondi e olhei para o outro lado. Jack voltou da cozinha e entregou um copo de cerveja para Delilah e outro para Ellefson.
 Ellefson sentou no sofá e Delilah sentou entre nós.
 – Cadê o Greg? – Delilah Perguntou.
– Foi apresentar umas meninas pro Lee. – Respondi.
– Eu não falei com você. – Ela disse me encarando. – Quem é Lee? – Continuou.
– O baterista. – Ele respondeu, passou um dos braços em volta dela e sussurrou algo em seu ouvido, os dois começaram a rir e desviei o olhar. Eles ficaram assim por um tempo até Mike perguntar:
– Vocês estão namorando? – Delilah riu e olhou para Ellefson.
– Não. – Ela respondeu. Mike e Ellefson começaram a conversar  enquanto Delilah observava. Pus uma das minhas mãos em suas costas e ela me olhou, acariciei-a e senti a mão de Ellefson. Tirei a minha imediatamente e eles me olhavam rindo. Olhei para o outro lado e bebi a cerveja, os observei de rabo de olho e pude ver Ellefson tentando beijá-la. Ela virou o rosto e sorriu, automaticamente sorri  também. Mesmo ela tendo recusado, Ele continuava insistindo e aquilo me incomodava. Levantei e fui em direção à porta, e antes que me afastasse o suficiente pude ouvir Mike falar:
– Você quer mais cerveja, Delilah?
 Fui para o lado de fora e me encostei na parede, tirei o maço de cigarro do bolso e acendi um. Por que Ellefson a tinha trago? Tinham tantas outras garotas lá dentro com quem ele poderia transar, por que logo ela? Não sei por que me incomodava tanto, mas não conseguia parar de pensar no dia em que os vi transando.
O falatório vindo de dentro da casa ficava cada vez mais alto e em pouco tempo eles já estavam  gritando. Fiquei curioso e fui ver o que era, entrei e vi Delilah e Mike em cima da mesa de centro com todos ao seu redor, inclusive Ellefson que os observava rindo. Ela estava sem blusa e Mike  a segurava pelos seios enquanto rebolava ao ritmo da música. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo , a Delilah nunca faria uma coisa dessas, pelo menos não sóbria. Me aproximei de Ellefson e Tyler e perguntei:
– Que porra vocês deram pra ela?
– Por que acha que demos alguma coisa? Ela não é sempre assim? – Perguntou Tyler. O  encarei com raiva.
– Que porra você deu pra ela? Fala logo.
– Calma, cara. Cerveja com ácido.
– Ta maluco? Ela é menor de idade!
– Não é nada, ela tem 18. – Disse Ellefson.
– Foda-se, ela nem pode beber ainda. – Me aproximei da mesa e puxei Delilah pelo braço. Eles reclamavam aos gritos. – Vou te levar pra casa. – Tirei minha jaqueta e pus sobre seus ombros.
– Mas eu não quero ir para casa. – Ellefson pôs a mão em meu ombro e disse:
– O que você ta fazendo? – O empurrei  e segurei Delilah pela  cintura.
– O que você já deveria ter  feito. – Tateei o bolso à procura, sem sucesso, das chaves do carro. – Delilah. – Disse a segurando pelos ombros. – Eu já volto, não sai daqui.
– Eu quero mais cerveja. Mike me dá mais cerveja.  – Segurei seu rosto e acariciei em seguida. – Não sai daqui, por favor.
 Fui até a cozinha. A chave só poderia estar em um lugar. Abri a geladeira e olhei em meio as cervejas e lá estava ela. Peguei-a e voltei para sala, mas Delilah não estava mais lá. Vi John e Ellefson conversando e me aproximei.
– Cadê a Delilah?
– A dos peitões? Mike levou ela pra conhecer a casa. – John respondeu rindo.
– Filho da puta! – Subi as escadas correndo.  Gritava por Delilah no corredor e abria todas as portas que via pela frente. A ouvi rir e gemer ao mesmo tempo, abri a porta e vi Mike deitado por cima dela chupando seu seio. Não sabia porque, mas senti uma vontade imensa de bater nele. O puxei pela camisa e empurrei para longe de Delilah. Arrumei seu sutiã e a puxei pelo braço. – Eu não disse pra você não sair de lá? – Eu já estava quase gritando, mas Delilah não parava de rir.
– O QUE VOCÊ TA FAZENDO, CARA? – Mike me empurrou. –  VOCÊ TA ESTRAGANDO TUDO, SAI DAQUI! – Dei um soco em seu nariz, peguei Delilah pelo braço e a arrastei pelo corredor. Estávamos descendo as escadas, quando ela sussurrou em meu ouvido:
– To excitada Dave. – A olhei e ela estava mordendo o lábio, a empurrei contra a parede e prensei  meu  corpo contra o dela.
– Não provoca, Delilah. – Ela riu e eu fechei  os olhos. Respirei  fundo e a peguei  pela mão,  a levei até o carro e Ellefson abriu a porta para me ajudar. Fiquei imóvel o encarando.
– O que foi? – Perguntou Ellefson.
– O que você pensa que tá fazendo?
– Te ajudando.
– Sai daqui, você ja ajudou demais trazendo ela pra cá. – Pus Delilah sentada no banco do passageiro e olhei para Ellefson, que disse:
– Eu não vou deixar você transar com ela. – Quando eu estava prestes a responder, ouvi Delilah gemer de dor. Segurei seu rosto e a olhei nos olhos.
– Você ta bem? – Ela estava mais chapada do que eu imaginei, porque ela não parava de rir. Fechei a porta do carro e me virei para Ellefson.
– Você acha mesmo que eu transaria com ela nesse estado? – Ele não respondeu. – Vou levar ela pra casa. – Entrei no carro, mal viramos a esquina e Delilah já estava me provocando de novo. Ela passava as pontas dos dedos pelo meu rosto enquanto beijava meu pescoço. Em seguida botou a mão por dentro da minha camisa e mordeu minha orelha. – Para, Delilah. – Ela voltou a morder minha orelha e sussurrou ao meu ouvido:
– Porque? Você não quer?
– Você tá drogada e vai me fazer bater o carro desse jeito. – Ela riu.
– Então eu te desconcentro? – Ela continuava sussurrando.
– Sim. – Ela tirou a mão de dentro da minha camisa e apertou meu pênis por cima da calça. A olhei e ela estava sorrindo, voltei a olhar pra frente e respirei fundo. Não importava o quanto eu a quisesse e o quanto estivesse excitado, tinha que me controlar ou acabaria fazendo merda.
– Eu te deixo excitado Mustaine? – Sussurrou mais uma vez e beijou minha orelha, enquanto acariciava meu braço. Eu estava me controlando para não agarrá-la ali mesmo, mas o fato dela estar fazendo de tudo para transar comigo não ajudava em nada. Ela tirou uma de minhas mãos do volante e pôs em seu seio, o apertei devagar e suspirei. Por um momento perdi o controle do carro, que foi parar na outra pista. Botei a mão de volta no volante, sorte que não vinha nenhum carro. Olhei para Delilah e ela estava rindo.
– Para com isso.
– Frouxo. – Ficamos em silêncio por um tempo. Ela estava irritada por eu não lhe dar atenção e começou a cantar algo que não consegui identificar. Nem sei se era mesmo uma música. A olhei pelo canto do olho e ri, ela virou de costas pra mim e continuou cantando, eu olhava para sua bunda quando ela virou de volta. – O que você está olhando?
– Nada. – Respondi rindo.
– Quer me comer agora?
– Não.
– Por que não? Não sou gostosa? – Ela pegou minha mão e pôs em seu seio novamente. Respirei fundo e a encarei.
– Para com isso, garota. Nós vamos morrer por sua causa. –  Parei em frente ao apartamento e ela abriu a porta do carro para sair, mas acabou caindo. Fui correndo ajudá-la.
– Opa! – Ela ria tanto, que tive que rir também. A levei até a portaria a segurando pela cintura.
– Onde está a chave?
– Não sei.
– Fala aonde está a chave, Delilah.
– Já disse que não sei. – Tateei seus bolsos e peguei a chave.
– Você quer pegar na minha bunda?
– Cala a boca. – Abri a porta e botei a chave na mão dela. – Agora sobe e dorme. Não sai de casa, entendeu? – Virei as costas e fui em direção ao carro, quando olhei para a portaria Delilah estava jogada na escada. Revirei os olhos e fui levantá-la. – Será que eu vou ter que fazer tudo no seu lugar?
– Não quero ir para casa, Dave.
– Mas você já chegou até aqui, vamos. – Passei um de seus braços por volta dos meus ombros e meu braço em volta de sua cintura e a ajudei a subir.
– Não quero ficar sozinha, to com medo de derreter. – Paramos de andar e a olhei, rindo.
– Como é?
– Não me deixa sozinha. – Ela me abraçou e eu senti vontade de não soltá-la nunca mais. Ficar ali e sentir seu cheiro e as batidas aceleradas de seu coração.
– Tá bom. –  Acariciei sua cabeça e continuamos a subir. Chegamos a porta do apartamento e tirei a chave da mão dela. Entramos, tirei minha jaqueta de seus ombros e a sentei na cama. Tirei seus coturnos, a empurrei pelos ombros para que deitasse e a cobri.
– Você vai embora?
– Vou. Promete que não vai sair daqui? – Acariciei seu rosto.
– Você disse que não ia me deixar sozinha.
– Eu sei, mas tenho que ir. Promete?
– Tá.
– Tchau, Delilah. – Me virei para ir embora e ela me chamou.
– Dave, você gosta de mim? – Olhei-a rindo.
– Cala a boca. – Voltei para o carro e encostei a cabeça no volante. Eu não podia voltar à festa ou iria acabar batendo no Mike de novo. Fui para casa e me joguei na cama sem trocar de roupa. Acabei adormecendo pensando na Delilah.