quarta-feira, 3 de abril de 2013

Capítulo 8 - Before it's mortification, now let the torture begin!

Estava sentada na cadeira atrás do balcão da loja, ouvindo Rock of Ages do Def Leppard em meu toca fitas. A música estava alta o suficiente para que eu não ouvisse qualquer um que falasse comigo. Estava distraída cantando quando ouvi um barulho alto e me assustei. Dave tinha batido no balcão com força para chamar minha atenção.
O que você está fazendo aqui? – Tirei o fone do ouvido e me levantei.
Vim comprar um disco, o que mais poderia ser? – Revirei os olhos.
Tanto faz.
Você não deveria ser gentil comigo? – Ele provocou e eu sorri irônica em resposta.
Em que posso ajudá-lo, senhor?
Eu quero o Led Zeppelin II.
Já tentou procurar na letra L?
Eu não quero procurar, quero que você procure para mim. – Ele me encarava sorrindo.
Filho da puta. – Andei pela loja com Dave atrás de mim.
Vi você no show ontem.
Que bom, sinal de que tem olhos. – Eu procurava o disco para ele.
Que sorte a sua, trabalhando em uma loja de discos.
Claro, muita sorte. Tenho que trabalhar duas vezes mais pra ganhar menos do que antes. Que sorte a minha. – Ele riu. – É tudo culpa sua. – A essa altura já estávamos no balcão e eu segurava o disco.
Você é Dave Mustaine. – Scott, meu chefe, estava atrás de mim. Eu não sei por quê, mas ele era um fã maluco de Metallica e achava que todos precisavam saber disso. Além de idolatrar Dave, que para a maioria dos adultos de sua idade era só mais um adolescente babaca metido à rebelde. Coloquei o disco na sacola e entreguei ao Dave.
Sim, e ele já estava indo embora, né?
Isso não é jeito de falar com os clientes, principalmente se ele é Dave Mustaine. – Olhei para ele e em seguida para Dave, que riu. Ele só podia estar brincando com a minha cara.
Seu chefe tem razão. – Dave disse me entregando o dinheiro.
Vai se foder, Dave. Vai embora antes que eu perca outro emprego por sua causa. – Ele apertou a mão de Scott e saiu da loja acenando para mim.
Dave Mustaine apertou minha mão. Ele apertou minha mão. – Disse Scott voltando para pequena sala no final da loja.
De onde o conhece? – Perguntou Bonnie, que tinha acabado de se aproximar de mim.
Trabalhei pro empresário dele.
Vocês são amigos?
Não. – Amiga de Dave Mustaine? Não, muito brigada.
Então vocês transaram? – Mas que tipo de pergunta era essa? Bonnie parecia bem abusada pro meu gosto.
Não.
Não?
Não. – Me sentei na cadeira e botei de volta meus fones de ouvido. Bonnie ficou me olhando por alguns segundos e depois me cutucou e eu tirei os fones. – Pois não?
Você tem que trabalhar.
Eu estou trabalhando. – Ela colocou uma caixa no meu colo.
Chegaram mais discos, me ajuda a arrumar.
Enquanto arrumávamos as prateleiras ela ia me perguntando sobre as músicas que gosto e vice-versa. Acabamos nos dando bem e passamos o resto do expediente conversando. Quando deu oito horas da noite nós fechamos a loja. Fui para casa o mais rápido que pude e tomei banho. Estava exausta, precisava dormir. Mal me joguei na cama e bateram à porta. Levantei de mau grado e  me arrastei para atender. Era Ellefson que sorria como uma criança que acabara de aprontar.
Oi. – Eu disse. Ele me beijou e entrou.
Vai se arrumar. – Fechei a porta e fiquei olhando para ele. – Delilah, por mais que você fique sexy nesse shorts, precisa se arrumar logo porque eles acham que estou comprando cerveja. – Ri.
Eles quem? Para onde vamos?
Festa. Anda logo! – Fui para o quarto e ele me acompanhou. Abri o guarda-roupas, procurava uma calça limpa no meio de uma pilha de roupas. – Você é tão desorganizada. – Ele ria e debochava de mim.
Pode me dar licença? Obrigada. – Eu o empurrei para fora do quarto e fechei a porta. Não achei nenhuma calça limpa, teria que ir de shorts. Eu realmente precisava lavar minhas roupas. Como se já não bastasse procurar por uma calça, teria que cheirar minhas blusas até achar uma limpa, ou quase isso. Vesti a do Jimi Hendrix e meu coturno. Ouvi Ellefson bater na porta.
ANDA LOGO, DELILAH.
Pronto, querido. – Disse irônica ao abrir a porta.
Ele parou no caminho para comprar cerveja e seguimos para a festa. A casa estava cheia e dava para ouvir a música do lado de fora.
– Narração do Dave –
Eu estava jogado no sofá com um copo de cerveja na mão, prestando atenção na conversa dos meninos que estavam ao meu redor.
– Mas que porra! – Tinha pensado alto demais. Eles pararam de falar e me encararam. Tinha visto Ellefson entrar acompanhado de Delilah e se aproximando de nós.
– Achei que fosse comprar cerveja. – Disse Mike.
– O que ela está fazendo aqui? – Ambos me encararam mas não responderam.
– Gente, essa é a Delilah. Delilah, esses são John, Mike, Jack, Tyler... E o Mustaine você já conhece. – Disse Ellefson apontando para cada um de nós. Ele entregou o engradado de cerveja para Jack, que o levou para a cozinha. Fiquei observando Delilah, ela estava de shorts e eu não conseguia parar de olhar suas coxas. Ela deve ter percebido, pois quando a olhei ela estava me encarando.
– Oi. – Ela disse. Não respondi e olhei para o outro lado. Jack voltou da cozinha e entregou um copo de cerveja para Delilah e outro para Ellefson.
 Ellefson sentou no sofá e Delilah sentou entre nós.
 – Cadê o Greg? – Delilah Perguntou.
– Foi apresentar umas meninas pro Lee. – Respondi.
– Eu não falei com você. – Ela disse me encarando. – Quem é Lee? – Continuou.
– O baterista. – Ele respondeu, passou um dos braços em volta dela e sussurrou algo em seu ouvido, os dois começaram a rir e desviei o olhar. Eles ficaram assim por um tempo até Mike perguntar:
– Vocês estão namorando? – Delilah riu e olhou para Ellefson.
– Não. – Ela respondeu. Mike e Ellefson começaram a conversar  enquanto Delilah observava. Pus uma das minhas mãos em suas costas e ela me olhou, acariciei-a e senti a mão de Ellefson. Tirei a minha imediatamente e eles me olhavam rindo. Olhei para o outro lado e bebi a cerveja, os observei de rabo de olho e pude ver Ellefson tentando beijá-la. Ela virou o rosto e sorriu, automaticamente sorri  também. Mesmo ela tendo recusado, Ele continuava insistindo e aquilo me incomodava. Levantei e fui em direção à porta, e antes que me afastasse o suficiente pude ouvir Mike falar:
– Você quer mais cerveja, Delilah?
 Fui para o lado de fora e me encostei na parede, tirei o maço de cigarro do bolso e acendi um. Por que Ellefson a tinha trago? Tinham tantas outras garotas lá dentro com quem ele poderia transar, por que logo ela? Não sei por que me incomodava tanto, mas não conseguia parar de pensar no dia em que os vi transando.
O falatório vindo de dentro da casa ficava cada vez mais alto e em pouco tempo eles já estavam  gritando. Fiquei curioso e fui ver o que era, entrei e vi Delilah e Mike em cima da mesa de centro com todos ao seu redor, inclusive Ellefson que os observava rindo. Ela estava sem blusa e Mike  a segurava pelos seios enquanto rebolava ao ritmo da música. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo , a Delilah nunca faria uma coisa dessas, pelo menos não sóbria. Me aproximei de Ellefson e Tyler e perguntei:
– Que porra vocês deram pra ela?
– Por que acha que demos alguma coisa? Ela não é sempre assim? – Perguntou Tyler. O  encarei com raiva.
– Que porra você deu pra ela? Fala logo.
– Calma, cara. Cerveja com ácido.
– Ta maluco? Ela é menor de idade!
– Não é nada, ela tem 18. – Disse Ellefson.
– Foda-se, ela nem pode beber ainda. – Me aproximei da mesa e puxei Delilah pelo braço. Eles reclamavam aos gritos. – Vou te levar pra casa. – Tirei minha jaqueta e pus sobre seus ombros.
– Mas eu não quero ir para casa. – Ellefson pôs a mão em meu ombro e disse:
– O que você ta fazendo? – O empurrei  e segurei Delilah pela  cintura.
– O que você já deveria ter  feito. – Tateei o bolso à procura, sem sucesso, das chaves do carro. – Delilah. – Disse a segurando pelos ombros. – Eu já volto, não sai daqui.
– Eu quero mais cerveja. Mike me dá mais cerveja.  – Segurei seu rosto e acariciei em seguida. – Não sai daqui, por favor.
 Fui até a cozinha. A chave só poderia estar em um lugar. Abri a geladeira e olhei em meio as cervejas e lá estava ela. Peguei-a e voltei para sala, mas Delilah não estava mais lá. Vi John e Ellefson conversando e me aproximei.
– Cadê a Delilah?
– A dos peitões? Mike levou ela pra conhecer a casa. – John respondeu rindo.
– Filho da puta! – Subi as escadas correndo.  Gritava por Delilah no corredor e abria todas as portas que via pela frente. A ouvi rir e gemer ao mesmo tempo, abri a porta e vi Mike deitado por cima dela chupando seu seio. Não sabia porque, mas senti uma vontade imensa de bater nele. O puxei pela camisa e empurrei para longe de Delilah. Arrumei seu sutiã e a puxei pelo braço. – Eu não disse pra você não sair de lá? – Eu já estava quase gritando, mas Delilah não parava de rir.
– O QUE VOCÊ TA FAZENDO, CARA? – Mike me empurrou. –  VOCÊ TA ESTRAGANDO TUDO, SAI DAQUI! – Dei um soco em seu nariz, peguei Delilah pelo braço e a arrastei pelo corredor. Estávamos descendo as escadas, quando ela sussurrou em meu ouvido:
– To excitada Dave. – A olhei e ela estava mordendo o lábio, a empurrei contra a parede e prensei  meu  corpo contra o dela.
– Não provoca, Delilah. – Ela riu e eu fechei  os olhos. Respirei  fundo e a peguei  pela mão,  a levei até o carro e Ellefson abriu a porta para me ajudar. Fiquei imóvel o encarando.
– O que foi? – Perguntou Ellefson.
– O que você pensa que tá fazendo?
– Te ajudando.
– Sai daqui, você ja ajudou demais trazendo ela pra cá. – Pus Delilah sentada no banco do passageiro e olhei para Ellefson, que disse:
– Eu não vou deixar você transar com ela. – Quando eu estava prestes a responder, ouvi Delilah gemer de dor. Segurei seu rosto e a olhei nos olhos.
– Você ta bem? – Ela estava mais chapada do que eu imaginei, porque ela não parava de rir. Fechei a porta do carro e me virei para Ellefson.
– Você acha mesmo que eu transaria com ela nesse estado? – Ele não respondeu. – Vou levar ela pra casa. – Entrei no carro, mal viramos a esquina e Delilah já estava me provocando de novo. Ela passava as pontas dos dedos pelo meu rosto enquanto beijava meu pescoço. Em seguida botou a mão por dentro da minha camisa e mordeu minha orelha. – Para, Delilah. – Ela voltou a morder minha orelha e sussurrou ao meu ouvido:
– Porque? Você não quer?
– Você tá drogada e vai me fazer bater o carro desse jeito. – Ela riu.
– Então eu te desconcentro? – Ela continuava sussurrando.
– Sim. – Ela tirou a mão de dentro da minha camisa e apertou meu pênis por cima da calça. A olhei e ela estava sorrindo, voltei a olhar pra frente e respirei fundo. Não importava o quanto eu a quisesse e o quanto estivesse excitado, tinha que me controlar ou acabaria fazendo merda.
– Eu te deixo excitado Mustaine? – Sussurrou mais uma vez e beijou minha orelha, enquanto acariciava meu braço. Eu estava me controlando para não agarrá-la ali mesmo, mas o fato dela estar fazendo de tudo para transar comigo não ajudava em nada. Ela tirou uma de minhas mãos do volante e pôs em seu seio, o apertei devagar e suspirei. Por um momento perdi o controle do carro, que foi parar na outra pista. Botei a mão de volta no volante, sorte que não vinha nenhum carro. Olhei para Delilah e ela estava rindo.
– Para com isso.
– Frouxo. – Ficamos em silêncio por um tempo. Ela estava irritada por eu não lhe dar atenção e começou a cantar algo que não consegui identificar. Nem sei se era mesmo uma música. A olhei pelo canto do olho e ri, ela virou de costas pra mim e continuou cantando, eu olhava para sua bunda quando ela virou de volta. – O que você está olhando?
– Nada. – Respondi rindo.
– Quer me comer agora?
– Não.
– Por que não? Não sou gostosa? – Ela pegou minha mão e pôs em seu seio novamente. Respirei fundo e a encarei.
– Para com isso, garota. Nós vamos morrer por sua causa. –  Parei em frente ao apartamento e ela abriu a porta do carro para sair, mas acabou caindo. Fui correndo ajudá-la.
– Opa! – Ela ria tanto, que tive que rir também. A levei até a portaria a segurando pela cintura.
– Onde está a chave?
– Não sei.
– Fala aonde está a chave, Delilah.
– Já disse que não sei. – Tateei seus bolsos e peguei a chave.
– Você quer pegar na minha bunda?
– Cala a boca. – Abri a porta e botei a chave na mão dela. – Agora sobe e dorme. Não sai de casa, entendeu? – Virei as costas e fui em direção ao carro, quando olhei para a portaria Delilah estava jogada na escada. Revirei os olhos e fui levantá-la. – Será que eu vou ter que fazer tudo no seu lugar?
– Não quero ir para casa, Dave.
– Mas você já chegou até aqui, vamos. – Passei um de seus braços por volta dos meus ombros e meu braço em volta de sua cintura e a ajudei a subir.
– Não quero ficar sozinha, to com medo de derreter. – Paramos de andar e a olhei, rindo.
– Como é?
– Não me deixa sozinha. – Ela me abraçou e eu senti vontade de não soltá-la nunca mais. Ficar ali e sentir seu cheiro e as batidas aceleradas de seu coração.
– Tá bom. –  Acariciei sua cabeça e continuamos a subir. Chegamos a porta do apartamento e tirei a chave da mão dela. Entramos, tirei minha jaqueta de seus ombros e a sentei na cama. Tirei seus coturnos, a empurrei pelos ombros para que deitasse e a cobri.
– Você vai embora?
– Vou. Promete que não vai sair daqui? – Acariciei seu rosto.
– Você disse que não ia me deixar sozinha.
– Eu sei, mas tenho que ir. Promete?
– Tá.
– Tchau, Delilah. – Me virei para ir embora e ela me chamou.
– Dave, você gosta de mim? – Olhei-a rindo.
– Cala a boca. – Voltei para o carro e encostei a cabeça no volante. Eu não podia voltar à festa ou iria acabar batendo no Mike de novo. Fui para casa e me joguei na cama sem trocar de roupa. Acabei adormecendo pensando na Delilah.

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