domingo, 20 de janeiro de 2013

Capítulo 1 - Bad Omen

LA, 1983.
Primeiro dia em um emprego novo. Estou trabalhando como secretária do Steve Halford, nada melhor do que ser capacho de um empresário metido a fodão, acho que o único lado bom disso é que eu provavelmente vou ver o Megadeth tocando e ao vivo.
Cheguei ao estúdio com a calça jeans surrada de sempre, coturno e a jaqueta preta, já era praticamente um uniforme.
– Está atrasada. – disse Steve, sem tirar os olhos dos papéis que revirava.
– Perdi o ônibus e... – ele não me deixou terminar de falar.
– Não importa. – ele jogou um bolo de papéis nas minhas mãos. – Regras. Não se atrasar, não me desrespeitar, não desrespeitar meus clientes, não falar com a banda, e o mais importante, não transar com eles. – Aquilo me fez rir, mas Steve não estava de brincadeira. Ele me encarou com raiva, o que me fez parar imediatamente. – Vem comigo.
Eu o acompanhei até uma sala de gravação, onde o Megadeth estava tocando. Ficamos observando por um tempo. Uma excitação e ansiedade tomavam conta de mim, eu estava ali na mesma sala que Dave Mustaine.
– O que achou? – Dave perguntou para Steve.
– Foi bom, mas não foi perfeito.
Um dos meninos, de cabelos castanhos na altura dos ombros, me encarava, me olhava dos pés a cabeça. Aquilo estava me deixando desconsertada.
 – E quem é essa? – ele perguntou.
 – Sua nova babá. – respondeu Steve, o que me fez rir, e parece que os meninos também acharam graça.
 – Pegável. – disse Dave olhando pra mim.
 – Nada mal pra uma babá – dessa vez foi um outro.
 – Esse é Dave, o da babá é Ellefson... – O interrompi, afinal, que diabos de nome era aquele?
 – Ellefson? – perguntei.
 – David Ellefson. – o garoto me respondeu sorrindo.
 – Não me interrompa. – disse Steve. – Aquele é Dijon e o outro ali o Greg.
Steve não se importou em dizer meu nome a eles, e eu não ia dizer, a menos que perguntassem, é claro.
 – E qual o seu nome? – Dave perguntou.
 – Não interessa. – respondeu Steve no meu lugar. – Vai lá pra fora e me espera no carro, temos muita coisa pra resolver. – Ele me entregou as chaves e eu saí, os deixando a sós e indo para o lado de fora.
 Ótimo, o babaca não tinha me dito qual era o carro. Tudo que eu podia fazer era esperar. Fiquei ali por mais uns 20 minutos, já estava ficando irritada com tanta demora e estava prestes a voltar pro estúdio quando Steve saiu nervoso de lá.
 – Porque não está no carro? – perguntou ele.
 – Eu não sei qual é o seu carro. – respondi, entregando a chave na mão dele.
 – Ah, é. – Ele se dirigiu até um Mustang 67 preto, e eu o segui. Já estávamos dentro do carro e eu nem sabia para onde íamos. – Aqueles garotos vão me deixar maluco qualquer dia. Melhor você ficar longe deles, pro seu bem. Eles não são bem o que você pensa, são drogados egocêntricos e a única coisa boa que eles conseguem ver em você é a sua buceta. São um pior que o outro, pode acreditar. – Ele deu partida no carro, e nós seguimos o caminho pra sei lá onde.
 – Pra onde vamos? – tomei coragem e perguntei.
 – Ver o preço dos instrumentos, eles precisam de novos.
Passamos o resto do dia rodando Los Angeles atrás de instrumentos que não custassem um rim. Achamos em uma lojinha escondida em alguma rua por aí, sinceramente não prestei muita atenção. Voltei pra casa já eram mais de sete da noite e eu estava exausta, tudo que queria era dormir. Tomei um banho e me joguei na cama, se eu tivesse qualquer outra necessidade, teria de deixar para o dia seguinte.

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