Logo vieram me atender e a coisa mais barata que tinha era hambúrguer. Mas que coisa patética, não tinha nem dinheiro para almoçar direito, fiz meu pedido e o garçom disse para esperar, apoiei os cotovelos sobre a mesa e a cabeça sobre as mãos. Eu estava com medo e confusa, estava quase chorando quando ouvi uma voz familiar chamar meu nome, olhei e sorri, era Greg.
– Tudo bem? – Ele perguntou pondo a mão em meu ombro.
– Se estar com raiva de Dave Mustaine é estar bem, então sim estou bem. – Ele se sentou na cadeira à minha frente. – Seu amigo está afim de acabar com a minha paciência.
– Ele não fez por mal, só estava drogado e nervoso. Não queria prejudicar você, tenho certeza.- Ignorei completamente o que ele disse.
– Ele foi até a minha casa naquele dia. Agora me diz, pra quê? Só para me irritar mais?
– As vezes não sei o que se passa na cabeça do Dave. – Ficamos em silêncio por um tempo. Eu suspirei e o garçom trouxe o hambúrguer e a Coca-Cola.
– E o senhor, vai querer alguma coisa? – Ele perguntou para Greg.
– Uma cerveja, por favor. – O garçom saiu de perto de nós e Greg me observava enquanto eu comia. – Dave demitiu o Dijon. – Quase me engasguei com a Coca-Cola.
– O quê? Por que? Fico longe por três dias e é isso que acontece?
– Pra falar a verdade, eu não sei direito. Dave é complicado demais. – O garçom trouxe a cerveja e pôs na mesa.
– Ele é babaca. – Greg riu.
– Já conseguiu outro emprego?
– To procurando já faz 2 dias... Engraçado que é só quando eu preciso que não tem.
– Por que não disse antes? Conheço o dono de uma loja de discos, posso conversar com ele, só você terminar de comer e eu te levo lá... Se você quiser, é claro. – Eu sorri. – Não é grande coisa, não vai ganhar tanto quanto com o Steve mas...
– Eu quero ir sim. – Terminei de comer o mais rápido que pude e ele riu do meu desespero.
– Vai querer mais alguma coisa? – Greg me perguntou e eu neguei com a cabeça. – Tudo bem então. – Ele sorriu e pegou a carteira. – A conta por favor. – Disse ao garçom. Depois de brigarmos pra ver quem pagaria, eu finalmente cedi. Entramos em seu conversível e ele me levou até a loja. Ele estava quase implorando ao Dono da loja, Scott, para que me deixasse trabalhar lá.
– Não sei, não quero qualquer um trabalhando aqui, Greg. – Ele disse.
– Acha mesmo que uma garota com a blusa do Black Sabbath é qualquer um? – Greg disse e eu ri. Scott ficou me observando por um tempo e suspirou.
– Tudo bem. Desde que ela não se atrase e respeite os clientes. – Porque todos me falam isso? Eu sou educada, um pouco, mas sou.
Greg e eu nos entreolhamos e rimos. Ser pontual não era exatamente meu forte.
– Você começa amanhã. – Ele fez sinal para uma garota loira, que estava no canto da loja cantarolando, e ela se aproximou de nós. Essa é Bonnie. – Ele disse pondo a mão em suas costas. – Ela abre a loja e você vai ajudar. Chegue às 9, está bem? – Bonnie me cumprimentou e saí da loja acompanhada por Greg, ele sorria pra mim.
– Obrigada, de verdade.
– Tudo bem, não precisa. Quer que eu te leve em casa?
– Posso ir andando, obrigada. Tchau.
– Tchau. – Virei as costas e Greg me chamou de novo. – Delilah. – Me virei para ele. – Vamos fazer um show hoje, no mesmo bar de antes. Aparece por lá. – Assenti com um sorriso. – Até mais tarde, então.
Cheguei ao bar e o show já tinha começado. Eles tocaram por mais uns 30 minutos. Vi Greg e Ellefson se aproximando de mim.
– O que você achou? – Perguntou Greg.
– Foi péssimo.
– Foi tão ruim assim? – Ellefson perguntou, eu ri e passei a mão nos cabelos dele bagunçando-os.
– Deve ser o novo baterista. – Disse Greg.
– E qual é o nome dele? – Perguntei.
– Eu esqueci. – Respondeu Greg. Eu e Ellefson rimos. Sentei no banco próximo ao balcão.
– Vamos sentar lá com o Dave. – Ellefson disse apontando para ele. Olhei e Dave me encarava com raiva.
– Prefiro ficar aqui.
– Então vou ficar aqui. – Os dois se sentaram ao meu lado e Ellefson pediu 3 cervejas. Olhei pro meu copo e em seguida para Greg.
– Como você conseguiu aquele carro? – Ele riu.
– Resultado de comer a filha do dono de uma concessionária. Ela me deu um carro e uma boa transa e eu um pé na bunda dela.
– Bons negócios cara. – Disse Ellefson.
– Até você Greg? – Rimos.
– Você não sabe do que eu sou capaz.
– Steve estava certo, nenhum de vocês presta.
– Vocês são muito pegajosas. – Ellefson se defendeu. Olhei para ele, que riu. – Você não conta, não é exatamente uma mulher.
– O que você quis dizer com isso? – Quanto mais ele tentava se explicar mais complicava.
– Só toma como um elogio, Delilah. Ele quis dizer que você é uma espécie superior. – Disse Greg.
– Exatamente! Não me mate. – Todos rimos.
Passei o resto da noite bebendo e conversando com eles. Entrei e saí de lá sem nem falar com o Mustaine. Ele tinha me visto, podia muito bem ter vindo falar comigo. Não sei por que me olhou com raiva, afinal o errado era ele.
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